sábado, 12 de novembro de 2011

Chapeuzinho Vermelho - original*


Era uma vez...
Uma garotinha que tinha que levar pão e leite para sua avó. Enquanto caminhava alegremente pela floresta, um lobo apareceu e perguntou-lhe onde ia.

- À casa da vovó - respondeu ela prontamente.

O Lobo muito esperto, chegou primeiro à casa, matou a vovó, colocou seu sangue numa garrafa, fatiou sua carne num prato, comeu e bebeu satisfatoriamente, guardou as sobras na despensa, colocou sua camisola e esperou na cama.

Toc. Toc. Toc. Soou a porta.

- Entre, minha querida - disse o lobo.
- Eu trouxe o pão e o leite para a senhora, vovó - respondeu Chapeuzinho Vermelho.
- Entre minha querida. E coma algo, tem carne e vinho na despensa - disse o lobo.
A menina comeu o que lhe foi oferecido, e enquanto comia o gato de sua avó a observava aos murmúrios:
"Meretriz! Então, comes a carne e bebes o sangue de tua avó com gosto. Ata teu destino ao dela."

Então o Lobo disse:

- Dispa-se e venha para cama comigo
- O que faço com meu vestido? - questionou Chapeuzinho.
- Jogue  na lareira. Não precisará mais disso - respondeu o lobo.

E para cada peça de roupa que a garota retirava, corpete, anágua, meias, a garota refazia a mesma pergunta, e o lobo respondia:

"Jogue na lareira. Não precisará mais disso"

Então a garota deitou-se ao lado do lobo, e ao sentir o toque do pelo roçar em seu corpo disse:

- Como a senhora é peluda vovó – exclamou Chapeuzinho
- É para te esquentar, minha neta - respondeu o lobo.
- Que unhas grandes a senhora tem!
- São para me coçar, minha querida
- Que dentes grandes a senhora tem!
- São para te comer

E então a devorou.
... Fim.
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* Acredta-se que haja muitas versões deste conto. O final feliz que conhecemos, onde surge um caçador que salva a menina das garras do lobo, só foi adicionado pelos Irmãos Grimm no século XIX.
O conto original servia para os aldeões ensinarem as filhas virgens a não atenderem a chamados e pedidos de estranhos e não tinha a intenção de ser um conto de fadas, sendo o intuito dele educar pelo medo da morte.

Um comentário:

Myst Romanov disse...

Educar pelo medo da morte parece maldoso, mas vendo pelo lado que pode não haver um final fantástico e feliz, era essa melhor forma.
Adorei o elemento adicional, jamais imaginaria a Chapelzinho comendo a carne. De outro ângulo, vejo que essa mesma traição acontece quando se vai pela cabeça de um estranho, ao invés de seguir os conselhos de quem nos instruiu.

Mais uma vez, parabenizo por este blog incrível.

Abraços

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