quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fracasso


Estou atado ao fracasso,
À melancolia e à miséria.
Aos olhos de Deus sou só matéria
E aos olhos do Diabo um desgraçado.

Ouço vozes a sorrir do meu fracasso.
É o mundo a saciar-se com meu pranto
Na derrota rude que da boca sai um canto
Com as eternas notas do cansaço.

Fracassar é ficar de pé quando espera-se que caia
É a nado cruzar três oceanos,
Sarando dos olhos desenganos
E ainda assim morrer na praia.

Calo! Pois só a derrota em mim ressoa
Pra quê falar se palavra não me resolve?
E as lágrimas, a tristeza é quem dissolve,
Não só a minha, mas a de qualquer pessoa.

Sim! Do mundo resta-me só a despedida.
Aos olhos ferinos e dispersos
É que escrevo, em silêncio, estes versos
Com o dedo inda cravado na ferida

Se erro no que fiz e no que faço
Devo apenas abrir mão da vida impura,
Cerrar os olhos no esplendor da sepultura
E permanecer atado ao fracasso

2 comentários:

Roderick Verden disse...

Profundo, dramático... Um perdedor, que, pelo que entendi, jogou a toalha.

‡Ånjo Sidéreo‡ disse...

Quanto tempo não venho por aqui...
Vejo que a qualidade de seus escritos estão cada vez melhores e vorazes!! Parabéns..Estou de volta em meu blog também!

grande abraço

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