Mãe profunda do Mar, seio primeiro,
Onde o sopro do Verbo fez morada,
Tuas ondas são véus do derradeiro
Mistério que do pó fez alvorada.
De ti nasci – silêncio e travesseiro
Do Espírito em maré transfigurada;
Teu canto é lei, é sopro verdadeiro,
É chama azul na água consagrada.
Ó Mar, em ti repousa o que sou:
Um grão de sal da lágrima divina,
Um eco antigo que do céu chorou.
E se há sangue na veia que ilumina,
É teu , ó Mãe, que em mim ressuscitou,
Em vinho, em dor e em fé cristalina.

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