Claro é o teu passo como a fé que vela
Os altares do meu íntimo silêncio;
No teu olhar repousa o doce incenso
Que à dor terrena dá forma mais bela.
És gesto manso, aurora que revela
Um céu sem nódoa, um casto firmamento;
Em ti, o amor prescinde do lamento
E a carne aprende a ser também capela.
Não trazes chama impura ou desejo vil:
És pão e luz – perdão que se oferece,
Asa discreta em voo mais sutil.
Se o mundo pesa, em ti minh'alma esquece
O pó do chão, e sobe – leve, juvenil –
Ao bem que salva, ao bem que permanece.

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