E, às vezes, quando tua figura passa distraída,
Há um silêncio que prende o movimento,
Como se o ar guardasse o teu momento
E o mundo se curvasse à tua vida.
Teu passo é leve. E a rua, adormecida,
Parece abrir-se em flor por um momento;
Traz nos olhos um vago sentimento,
Que em mim prediz a despedida.
Não sabes, mas te sigo – e o pensamento
Te cerca, como um cântico silente
Que mal ousasse erguer-se em oração;
E se te volves, calmo, de repente,
Eu finjo um riso, tímido e ausente,
Pra não te mostrar o meu coração.

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