Talvez viver sem ânsias, sem temores
Sem prender-se a lembranças ou desejos,
Livre de prantos, livre dos lampejos
De falsas alegrias e falsos amores:
Seguir assim, alheio aos dissabores
Sem buscar recompensas nem ensejos
Deixando pelo chão rastros e beijos,
Mistura vã de espinhos e de flores;
Passar pela existência como o vento,
Sem rumo, sem tardar, sem pensamento
Vendo o mundo girar, sereno e mudo;
Chegar, enfim, ao termo da jornada,
Sentir a alma, cansada e sossegada
Pairar no azul, esquecido de tudo.

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